quinta-feira, 26 de abril de 2018

Nelson Pereira dos Santos

Bretz Filmes/Divulgação

Nelson Pereira dos Santos, por  Oscar D'Ambrosio

O diretor de cinema Nelson Pereira dos Santos faleceu, aos 89 anos, no último sábado, 21 de abril, Dia de Tiradentes, no Rio de Janeiro. Precursor do Cinema Novo, fez, pelo menos, um filme imortal, 'Vidas Secas' (1963), uma aula de como levar uma obra literária ímpar para uma linguagem cinematográfica densa e pungente.
Nascido em 1928, em São Paulo, SP, atuou também como diretor, produtor, roteirista, montador, ator e professor. Primeiro cineasta a integrar a Academia Brasileira de Letras, transformou em filme outro livro inesquecível de Graciliano Ramos, 'Memórias do Cárcere' (1984), numa atuação magistral do ator Carlos Vereza.
Trabalhou também com obras de Jorge Amado, como 'Tenda dos Milagres' (1975/6) e 'Jubiabá' (1987). E como esquecer do poético 'A Terceira Margem do Rio' (1994), talvez o melhor conto de Guimarães Rosa! E fez ainda 'Raízes Do Brasil - Uma Cinebiografia de Sergio Buarque de Hollanda (2003), importante jornada para tentar entender o Brasil. Nessa pincelada por seus trabalhos, duas imagens são eternas: a do sertanejo Fabiano matando a cadelinha Baleia em 'Vidas Secas', seguramente uma das melhores cenas (e por que não a melhor?) já filmadas no cinema nacional; e, em 'Memórias do Cárcere', a dos presos auxiliando Graciliano a levar para fora da cadeia seu texto biográfico.
Saudades, mestre Nelson!
Suas imagens eternas te mantém vivo!
O autor é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp e doutor em Educação, Arte e História da Cultura.

Mostra homenageia Nelson Pereira dos Santos com exibição de 30 filmes

por Redação RBA publicado 11/02/2017 

'Simplesmente Nelson' reúne praticamente todas as obras do cineasta além de filmes nos quais ele participa como editor, produtor ou assistente e ainda documentários que retratam sua vida e arte.

Não há como tratar sobre a história do cinema nacional sem falar sobre o cineasta paulista Nelson Pereira do Santos, precursor do Cinema Novo e um dos mais respeitados diretores brasileiros de todos os tempos. Prestes a completar 90 anos de vida e 69 de carreira, ele recebe uma homenagem em forma de mostra, que exibe até 22 de fevereiro 30 filmes na Caixa Cultural São Paulo. Simplesmente Nelson também conta com sessão comentada e masterclass. Segundo os organizadores, esta pretende ser a mais completa mostra já realizada sobre o cineasta.
Os últimos 60 anos do Brasil foram registrados, de certa maneira, pelo olho do diretor Nelson Pereira dos Santos. Desde os meninos de rua, a seca do Nordeste, a ditadura Vargas, a cultura popular, a baixa umidade do ar em Brasília etc. O cinema de Nelson apresenta uma nova estética ao cinema brasileiro: com vida, sem glamour, sem estrelas. Filmando nos lugares naturais, sua câmera atua não só como testemunha, mas também como protagonista, tomando partido pelos mais fracos e esquecidos. Seu cinema o coloca em pé de igualdade com os mestres do neo-realismo italiano Roberto Rosellini e Vittorio de Sica”, anunciam os organizadores .
Entre os clássicos que serão exibidos estão Rio Zona NorteBoca de OuroVidas Secas e Memórias do Cárcere. Neste sábado, às 16h, haverá uma sessão comentada do filme Cinema de Lágrimas, em que a curadora da mostra Silvia Oroz conta sobre a experiência de trabalhar ao lado deste ícone do cinema nacional. O longa de 1995, com roteiro de Silvia, trata sobre um suicídio cometido há muitos anos que pode ser solucionado por meio de um melodrama mexicano realizado nos anos 1930 ou 1940. O filho da suicida, um famoso ator e diretor de cinema, decide investigar esse mistério contido num sonho que o atormenta desde os quatro anos de idade.
Às 18h, estará em cartaz Memórias do Cárcere, adaptação que Nelson Pereira fez do romance homônimo de Graciliano Ramos (também autor de Vidas Secas, outro livro adaptado para o cinema pelo diretor). O filme narra o dramático período em que Ramos esteve na cadeia a mando da polícia brasileira no Estado Novo.
No domingo, serão exibidos os documentários A Luz do Tom (16h) e A Música Segundo Antonio Carlos Jobim (18h30). O primeiro tem como ponto de partida o livro de memórias Um Homem Iluminado, da escritora e irmã de Tom, Helena Jobim. O segundo filme foi co-dirigido pela neta do compositor, Dora Jobim, e trata sobre a obra e as parcerias musicais de Tom.
Nelson Pereira dos Santos dirige Grande OteloTambém serão exibidos Como Era Gostoso o Meu FrancêsQuem É Beta?O Amuleto de Ogum, Tenda dos Milagres, Na Estrada da Vida, Insônia, Jubiabá, A Terceira Margem do Rio, Brasília 18%, Raízes do Brasil, entre outras obras dirigidas por Nelson Pereira. Fazem parte da programação filmes nos quais Nelson atuou como editor (Barravento, de Glauber Rocha), assistente de direção (O Saci, de Rodolfo Nanni, e Agulha no Palheiro, de Alex Viany), produtor (O Grande Momento, de Roberto Santos) e ainda outros nos quais foi retratado, como Nelson Filma, de Luiz Carlos Lacerda, e Como se Morre no Cinema, de Luelane Loiola Corrêa.
No dia 18 de fevereiro, a pesquisadora Angélica Coutinho apresenta a masterclass “Nelson Pereira dos Santos e a literatura”. As inscrições para a aula podem ser feitas pelo e-mail inscricaosn@gmail.com. As vagas são limitadas.
Confira a programação completa no site da Caixa Cultural São Paulo.
Mostra Simplesmente Nelson Quando: até 22 de fevereiro
16h (todos os dias), 18h30 (todos os dias) e 23h30 (aos sábados) 
Onde: Caixa Belas Artes – Sala Aleijadinho
Rua da Consolação, 2423,São Paulo (SP)
Quanto: R$ 5 (meia-entrada) e R$ 10
Lotação: 144 lugares 
Mais informações: (11) 2894-5781
Relembre aqui a entrevista que Nelson Pereira dos Santos deu à Revista do Brasil